Seminário “Como Garantir o Futuro da Solidariedade”

Sete de Junho. O relógio passava das nove e meia quando se iniciou pela voz do Padre Domingos Vieira, Presidente do Centro Social Paroquial de Afife, o seminário “Como Garantir o Futuro da Solidariedade”. Com ele, à mesa, estavam o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, o Bispo da Diocese, D. Anacleto Oliveira, e a Diretora do Instituto da Segurança Social da cidade, Cristina Oliveira. No ar, o Presidente da instituição, deixou quatro questões? Para refletir…
O que é a solidariedade?
Como a encaramos?
Será que a aceitamos?
Que solidariedade aplicar?

José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal, define a solidariedade como um tema forte.

Durante o seu discurso, duas grandes questões foram colocadas.
“Qual será o futuro da segurança social?” questiona, deixando a dica que caberá às pessoas, aos seus pensamentos e à intergeracionalidade. É nosso dever nos corresponsabilizar. Devemos, sempre aperfeiçoar o futuro.
“Qual será o futuro das instituições e do privado?”, foi a segunda questão. José Maria crê que deverá haver um equilíbrio entre ambos. Mas acredita que o social dá um “sal” diferente nas ajudas. O futuro deverá ser mais solidário.
D. Anacleto Oliveiro, Bispo da Diocese complementa o discurso do Presidente da Câmara. A resposta para a grande questão do seminário é fácil, porque a solidariedade faz parte do ADN.

D. Anacleto acredita que se deverá começar, por atuar, nas pessoas que não são solidárias, porém, cada vez mais, as gerações mais jovens são cada vez mais solidárias. A exemplo uma jovem do Porto que passa quatro horas semanais em instituições, para ajudar no que fosse necessário.

Se falarmos em termo de Igreja, D. Anacleto define solidariedade como “comunhão”. Com isto, D. Anacleto vai mais longe. Não quer ser crítico, mas aproveita a oportunidade para demonstrar a tristeza que sente pela falta de apoio do Estado às diversas IPSS’s de Viana do Castelo, como do país. D. Anacleto defende que as IPSS’s devem ajudar mais um idoso, mesmo quebrando um protocolo. A solidariedade vai depender de cada pessoa, incluindo do próprio Estado.

Por fim, na mesa de sessão de abertura, a palavra é dirigida a Cristina Oliveira, Diretora da Segurança Social da cidade, que “defende” a sua posição perante o discurso de D. Anacleto.

Cristina Oliveira defende que há um lado da muralha [IPSS’s], mas que também terá de ver o outro lado da muralha [Segurança Social]. A Segurança Social não pretende prejudicar nenhuma instituição particular de solidariedade social, mas há situações que são obrigados a intervir, porque há um comprometimento do tema de hoje – a solidariedade. Há um enorme investimento na cooperação. Há critérios mínimos exigidos para que uma coletividade faça o seu trabalho com qualidade. Obviamente que a Segurança Social tem de assegurar que esses critérios são cumpridos.
Perante as saudações iniciais, dá-se início ao primeiro painel – Os desafios do Envelhecimento. Como oradores apresentam-se a Dra. Carla Faria e o Dr. Bruno Bessa (professores da Escola Superior de Educação do IPVC), moderados pela Dra. Carlota Borges – vereadora do Pelouro de Juventude e Coesão Social de Viana do Castelo. O primeiro tema apresentado denominava-se “Fragilidade e envelhecimento”, pelo Dr. Bruno Bessa. A vulnerabilidade de uma pessoa depende de vários fatores, entre os quais, quedas, morte de algum parente próximo, entre outros fatores. Quanto mais frágil é um individuo, mais vulnerável se torna. Para combater a fragilidade de uma pessoa teremos de ter em conta dois fatores chave: nutrição e atividade física. Mas não só, a família, os estilos de vida, o aumento das redes sociais, também são fatores cruciais para o combate à fragilidade dos idosos. Mas atenção, há que ter em conta que ser frágil é diferente de ser incapaz.

A Dra. Carlota Borges, moderadora, passa à palavra à Dra. Carla Faria que irá apresentar, para além do seu tema – “Ageing in Place – desafios e oportunidades face ao envelhecimento”, bem como o tema da Dra. Diana Morais, que por questões de saúde não compareceu ao seminário – “Quando os filhos cuidam dos pais: os cuidados filiais em análise.”
Relativamente ao “Ageing in Place”, este tema tenta responder aos desafios dos dois tipos de envelhecimento: envelhecimento populacional e o envelhecimento individual. Porém, é preciso ter em conta que o envelhecimento individual é diferente entre si. Os idosos são um grupo heterogéneo, ou seja, as vivências, os locais onde residem, tudo isso são influências, muito grandes, para o envelhecimento.


A Dra. Carla Faria lança uma questão ao público, para refletirmos: “Daqui a cinquenta anos onde querem envelhecer?” Provavelmente as maiores respostas serão: em casa, daí ter surgido o termo “Ageing in Place”. Neste conceito são criadas soluções para que os idosos consigam viver o máximo de tempo possível e com qualidade nas suas próprias casas.
Fundamentais para o Ageing in Place:
- Rede de suporte social
- Serviços formais
- Estrutura da casa
- Estrutura da vizinhança
É preciso ter noção que os ambientes estimulam comportamentos. Há idosos que são reféns das suas próprias casas, muitas vezes quando tem muitas escadas, e já não tem mobilidade suficiente para as subir ou descer. Infelizmente, a sociedade está virada para as gerações mais jovens e desvalorizam os mais velhos. Por fim, e não menos importante, a Dra. Carla salienta a importância do “Modelo das Cidades Amigas da Organização Mundial de Saúde”, dando o exemplo da cidade de S. Paulo, no Brasil. Em S. Paulo, os motoristas dos autocarros tiveram de tirar uma formação para assegurar que os transportes sejam “amigos” dos idosos. Nessa formação aprenderam como travar, quanto tempo esperar nas paragens, entre outros tópicos. Para além dos motoristas, e como S. Paulo é uma cidade de muitos prédios de apartamentos, também os porteiros tiveram formações. Também em Portugal já se começa a ter noções sobre este tema. Em Benfica, Lisboa, foi realizado um referendo para constatar se a reparação de uma determinada rua seria em calçada portuguesa. Sim ou não. Ganhou o não.

Quando as pessoas deixam de ter reflexos mais rápidos, de contribuir financeiramente, deixam de ser úteis, para a sociedade. Não é verdade. Lembremo-nos que quando os avós vão buscar os netos à escola e passam o resto do dia com eles, estão a poupar tempo e dinheiro aos filhos. É necessário criar espaços, ideias, onde os mais jovens e os mais velhos colaborem e trabalhem em conjunto.
Infelizmente, e por motivos de forças maiores, o Planeta dos Avós não conseguiu assistir ao última tema da Dra Carla Faria, bem como os dois próximos painéis. Porém, apresentamos os painéis e os temas que foram abordados em cada um deles.
O segundo painel – Os Vértices da Solidariedade, contou com a Dra. Manuela Coutinho (Centro de Respostas Integradas de Viana do Castelo) que abordou “As Organizações de Solidariedade Social: Projetos em permanente construção.”, e com o Dra. Orlando Petiz (Professor da Universidade do Minho – Escola de Economia e Gestão), que valorizou “Os valores na solidariedade: como encarar o processo?”. Este segundo painel foi moderado pelo Padre Domingos Vieira (Presidente da Direção do Centro Social Paroquial de Afife).
O terceiro painel – Como contribuir para melhorar o terceiro sector – foi moderado pela Dra. Sandrina Esteves (Diretora Técnica do Centro Social Paroquial de Afife). E contou com os seguintes temas e oradores: “O Modelo Português da Economia Social: Posicionamento das IPSS.” com a Dra. Albertina Alves, e “Os Impactes das IPSS’s ao nível local – Análise à Criação de Emprego e Fixação/Atração de Residentes.” com o orador Dr. Paulo Araújo.


O quarto e último painel – Projetos que contribuem para o desenvolvimento do terceiro setor”, já assistido pelo Planeta dos Avós, foi moderado pelo Vice-presidente do Centro Social Paroquial de Afife, Dr. Eduardo Garrido. Iniciou-se com a Dra. Catarina Silva (Técnica Superior do Município de Viana do Castelo), que abordou o “Banco Local de Voluntariado de Viana do Castelo”. A Dra. Catarina Silva afirma que o voluntariado tem expandido. Porém, é necessário apoiar os projetos de voluntariado, bem como os próprios voluntários. Em Viana do Castelo, os voluntários são pessoas com menos de trinta anos. A maioria das organizações que promovem o voluntariado estão ligadas ao setor social.
Inscrições na Câmara Municipal presencialmente e as instituições por contato direto no Banco Voluntário.
Neste quarto painel, o Dr. Rui Araújo (Departamento de Expansão na BMVIV, S. A. ) apresentou “O Projeto – Não VIV Só(s) da BMVIV). A própria empresa BMVIV estimula o voluntariado nos seus funcionários, salientando que todas as empresas deveriam disponibilizar meios para o voluntariados. Luís, é responsável pela linha de apoio ao idosos, e é cego. Nesta linha de apoio, os idosos podem ligar a pedir ajuda, dando apoio em diversos serviços: reparação de torneiros, persianas, fechaduras, ou até mesmo só para conversar. Futuramente, a empresa pretende expandir-se e contactar farmácias e mercearias para alguém ir levar as compras às casas dos idosos.

O última tema abordado neste seminário coube ao Mestre José Carvalhido Ponte (Presidente do Conselho de Administração da Fundação da Caixa Agrícola do Noroeste) apresentar “Humanitas Neves da Fundação do Crédito Agrícola”.
Chegamos ao fim do seminário com um espírito de solidariedade. O futuro depende de nós. Ajudar os outros depende de nós. Precisamos uns dos outros para viver. Ao Centro Social Paroquial de Afife, o Planeta dos Avós dá os parabéns e que continue a somar mais sucessos e conquistas.

