Planeta Gerontológico

13 de Março, 2019 0 Por Planetadosavos

Neste mundo, ou melhor neste planeta, cada pessoa tem a sua maneira de ver as coisas e de se relacionar com elas. Olhar o mundo como um espaço onde existem a beleza original, natural e artificial, é um convite a vivermos em felicidade, pois tudo o que vemos, é um livro aberto de estudo transparente e que nós acreditamos ser mais do que uma mera coincidência. Olhar o Homem como um «ser» criado, composto de corpo e alma, dotado de inteligência e com a liberdade de usar as suas capacidades criativas, devia ou deve ser a primeira opção, a tomar por cada um de nós, para atingir aquilo que é mais importante na vida: a felicidade.

Mas, ao usar os seus talentos, descobrindo ao longo da vida novas ideias e formas de progresso, tornou-se algo sofisticado, misterioso e até duvidoso nos nossos dias. Um contraste aos nossos olhos. Por isso, o homem é, como sempre foi, um ator em todos os cantos do planeta.

A sociedade vive, no presente, momentos de agitação, consequente dos vários projetos de vida em mudança, que nos obrigam a viver num estado de convulsão permanente, onde tudo parece naufragar num descontentamento geral, devido ao fracasso de negociações, conduzidas por diálogos não convincentes, tendo como vitimas na maioria, os indefesos, as classes menos favorecidas e os nossos idosos!

Na realidade, encontramo-nos no meio de um labirinto com rumos diferentes, onde a força das ideias choca com o imprevisto das realizações e projetos de vida programados, tendo como resultado a degradação do meio ambiente e daquilo que seria o melhor para nós. Cada um, procura sobreviver à fúria da nova tecnologia. Se dum lado, existe para melhor servir o homem, pelo outro lado destrói a segurança e a esperança de vivermos mais tranquilos e felizes, num mundo onde deveria existir trabalho para todos e estabilidade de vida. É caso para perguntar:

– Será que ainda podemos ver o planeta como um espaço aprazível para proporcionar a felicidade ao homem?

– Não terão os nossos idosos razão ao dizer que o planeta está a mudar drasticamente que até já não se consegue viver em paz?

É com estas situações que se questiona uma das novas áreas que no meio de tanta coisa má e difícil parece vir atenuar e trazer um pouco de esperança àqueles que outrora fizeram deste mundo um local diferente: a Gerontologia.

Mas afinal, o que significa a Gerontologia? Estamos certos que já se deparou com alguém que trabalhe nesta área e provavelmente também já se interrogou acerca do que significa esta nova profissão.

Ora bem, face ao elevado crescimento do número de pessoas idosas no nosso país, e com uma elevada baixa de natalidade, surgiu à alguns anos um campo de estudo intitulado Gerontologia. Segundo a etimologia, a Gerontologia, surge da palavra “Gero”, que significa velhice e da palavra “logia”, que significa estudo. Desta forma, a gerontologia será designada pela área responsável pelo estudo da velhice e do envelhecimento humano.

Os técnicos formados em gerontologia são designados de Gerontólogos/gerontólogas sociais. Estas pessoas, que necessitam de possuir obrigatoriamente uma Licenciatura e/ou Mestrado, são formados para trabalhar direta e indiretamente com a faixa mais idosa da população e darem resposta a inúmeros problemas e situações do dia-a-dia. Assim podem avaliar, intervir junto dos idosos, tendo como objetivo a promoção da sua qualidade de vida e de um envelhecimento mais ativo, conducente com a dignidade humana. São, portanto, competências de um Gerontólogo, conhecer de forma global o idoso; gerir e administrar serviços de apoio a idosos; implementar programas e atividades que estimulem o processo de envelhecimento; avaliar situações e participar ativamente na comunidade, juntamente com profissionais de outras áreas; intervir socialmente, junto de idosos, ou mesmo junto de crianças e adultos; auxiliar na prestação de serviços; investigar acerca do processo de envelhecimento, intervindo principalmente ao nível da prevenção; atuar junto das IPSS de forma a segurar um serviço com mais profissionalismo e qualidade, entre muitas outras.

Defendemos que um profissional com as capacidades de Gerontólogo deve atuar holísticamente, atendendo às características pessoais e inerentes a cada idoso e a cada contexto.

No entanto, neste planeta gerontológico ainda existem algumas coisas que falham. Uma delas parece ser o facto desta profissão ainda não estar totalmente reconhecida e não existir um Código Deontológico que a regulamente, uma vez que ainda não existe um específico. Queremos com isto dizer que, não existe uma “Ordem”, como é o caso dos médicos, enfermeiros, engenheiros, advogados, que a regulamente, facto este que permite até aos Gerontólogos, por vezes se sentirem um pouco perdidos acerca daquilo que podem, ou não fazer. Em todo o caso, parece-nos sentado admitir que todos podemos fazer muito se nos unirmos.

Quantas vezes, neste nosso planeta gerontológico vemos um idoso a cair em desânimo e a chorar sozinho a sua desdita, que nem ninguém o tenha ouvido.

Quantas vezes terá levantado os braços descarnados, implorando a ajuda, para ir vivendo resignadamente o seu destino! Quantas vezes terá olhado o sol a surgir radiante, enchendo de luz os recantos da sua humilde casa, menos o seu coração que continua escuro e triste! Quantas vezes terá visto cair a noite, que à sua volta vai projectando inúmeras sombras, que ele já não teme por serem a sua companhia, dia e noite! E agora que as pernas já não podem, não se afasta muito da sua casa, esperando a compaixão daqueles que tem fortes pernas e bons braços para trabalhar, para assim lhe levarem um pouco do que lhes custou a ganhar.

É assim que vivem neste planeta muitos idosos, pessoas, que são e devem ser um exemplo vivo da vida vivida neste planeta, onde muitas vezes falta a estrela da felicidade!