Os Avós estão em casa…

14 de Abril, 2020 0 Por Planetadosavos

Face ao atual contexto de urgência sanitária e humanitária provocada pelo Covid 19, que conduziu o País ao confinamento domiciliário, também todos os utentes que se encontravam a frequentar a valência de Centro de Dia do Centro Social Paroquial de Afife, tiveram que se adaptar a estas mudanças, passando a estar nas suas casas, juntamente com os seus familiares.

Desta forma, a Instituição mantém as suas atividades domiciliárias fundamentais ativas e, sensível à situação delicada em que vivem particularmente estes idosos, falou brevemente com alguns deles para perceber quais as suas preocupações, inquietações, dúvidas e principalmente para perceber como sentem este isolamento em tempo de Pandemia.

Assim, o Planeta dos Avós partilha a atividade na qual os utentes demonstram alguns sentimentos acerca da forma como encaram este isolamento, ou seja, relativamente à questão – “o que sentem perante este isolamento social?” – estas foram algumas das respostas:

“É um momento muito difícil. Não se pode sair de casa. É horrível. Tenho saudades de ir para o centro. Só posso ir à horta! É muito triste."
Olga
74 Anos
“Sinto-me muito triste. Gosto muito de ir para o Centro e agora não posso”
António
68 Anos
“Agora não estou em Viana. Estou na Marinha e não posso ir para a minha casa. Já tenho saudades, dos trabalhos, das pinturas… é tão divertido. Faz bem, faz-me bem. Agora as coisas estão diferentes. Não sei quando vou poder voltar. Tenho muito medo."
Laura
79 Anos
“Nunca pensei não poder ir para o Centro. Fazemos tantas coisas boas e agora sou obrigada a estar em casa com o marido. Sinto-me muito triste. Acho que já não vai haver Páscoa… assim uma pessoa desanima. Sinto-me triste com tudo aquilo que vejo na televisão… É só mortes, tantas mortes,…não sei onde isto vai parar."
Cecília
89 Anos
“Como me sinto? Sinto-me revoltado com esta situação. Repare, olhe o que se passa no mundo todo… é um caus! Lembra-se do que eu lhe disse há alguns meses atrás? Aqui está… isto é uma guerra silenciosa… já o foi na época da pneumónica, da gripe das aves, das outras doenças…agora apareceu mais uma… mas isto vai continuar. Daqui a uns anos vai chegar outra doença. Isto não para e as coisas vão piorar. Daqui em casa vejo as noticias todos os dias na televisão e até isso já cansa. Mas é muito triste estar sozinho. Agora imagine, estar doente!”
Manuel
83 Anos
“É triste estar em casa sozinho. Vós sois como a minha família e tenho muitas saudades de ir para o centro. Todos os dias vós vindes aqui mas ir para o Centro é diferente. Em casa não posso fazer nada. Olha, já pus a roupa a secar e fui dar de comer ao cão. De resto vejo a televisão, mas até enerva e depois apago. É muito triste."
Valdemar
84 Anos

Assim, e decorrente destes sentimentos, importa recordar que não podemos deixar que este isolamento seja um motivo para que os utentes e todos os milhares de idosos que vivem no País percam as suas capacidades biológicas, psicológicas e sociais que ainda lhes restam face à idade já avançada, mas que seja um isolamento mais seguro e devidamente acompanhado, seguindo todas as recomendações das Organizações de Saúde, Governo, promovendo um envelhecimento com qualidade de vida.