Idosos na Sociedade…

5 de Março, 2019 0 Por Planetadosavos

… Portugal e na Europa

Maria, 84 anos, está acamada. Conta com a ajuda de uma IPSS para a higiene pessoal e que lhe leva a alimentação todos os dias a casa. Vive com o marido pouco mais velho. Os filhos estão fora. Tem vida própria. A sua reforma é pequena. Pouco mais de 300 euros por mês. Paga o Centro. Paga os medicamentos. Pouco lhe sobra.

Joaquim, 88 anos, vive num lar. A sua reforma é grande, permitindo-lhe esse tipo de cuidados. Tem cama, roupa lavada, casa de banho privativa, refeições quentes e pontuais, auxiliares para lhe fazerem tudo. Tem tardes para jogar às cartas. A família visita-o aos domingos.

Estas são duas realidades de Portugal. Há quem diga que este país não é para velhos, mas atrevo-me a dizer que este país é de velhos. Cada vez mais. Ou não ficasse Portugal no velho continente que é a Europa. A ciência avança. Há estudos. Há novas curas. Há novos recursos na medicina. A vida aumenta. Aumenta a vida e aumento o tempo para os jovens. Para os jovens tudo é de tarde. O trabalho, a independência, o casamento, os filhos. E poucos nascem. Um filho e já é muito, que a vida não está para grandes regalias.

Na Europa a realidade é outra. Vários são os países que lutam pelo título “melhor país para se ser velho”.

John, 76 anos, é holandês. É diabético. Para não abarrotar os centros de saúde e os hospitais, cada vez que necessita de algum cuidado de saúde liga para um enfeiro e ele vai até sua casa fazer a medição das diabetes ou do que necessita. Caso sofra de alguma demência, John sabe que pode sempre se mudar para a Vila da Demência. Essas vilas são formadas por condomínios adaptados, onde os idosos com doenças degenerativas podem realizar, com mais tranquilidade e apoio, atividades da vida diária preservando a sua autonomia e independência. A Holanda, dizem os entendidos, que é um país com foco no idoso e nas suas necessidades. Dizem que os idosos têm uma voz. 

Josephine, 82 anos, é sueca. Decidiu que prefere ficar na sua casa. Com reduzida mobilidade, desloca-se numa cadeira de rodas para todo o lado, uma vez que os transportes públicos e os táxis são adaptados à sua condição física. Como os custos são muitos, Josephine conta com a ajuda do sistema de pensões, criado pelo governo, de forma a ajudar os idosos de acordo com a situação financeira de cada um. Isto tudo de forma a auxiliar na qualidade de vida, bem-estar e saúde dos mais velhos. Na Suécia, a assistência aos séniores é financiada por impostos municipais e subsídios do governo, sendo os primeiros a prestar a maior parte dos cuidados.

Christopher, 78 anos, é alemão. Para ele envelhecer sozinha está completamente fora de questão. Mudou-se, desde os 70 anos, para uma residência partilhada com outros idosos. Lá apoiam-se, uns aos outros, partilhando as tarefas da vida diária como cozinhar, limpar ou ir às compras. A sua nova residência situa-se em locais com fáceis acessos e com tudo à beira: farmácias, supermercados, cafés, lojas, padarias, de forma a facilitar a mobilidade de todos. É o próprio Christopher que decide como ocupar o seu tempo, isto é, cada um é livre de decidir se quer jogar às cartas ou ao dominó, se quer caminhar, ver televisão, ir ao café ou ao cinema, a que horas quer ir dormir ou almoçar. Porém, para além da renda da casa, Christopher paga um pequeno extra para terem uma ajuda auxiliar nas tarefas mais pesadas. Edward, 80 anos, também ele alemão. Aluga o quarto do seu filho a um jovem estudante de direito, chamado Philip. Philip nos tempos livres é responsável por ajudar Edward, preparando as refeições, nas compras para a casa e no trabalho doméstico. É caso para dizer que o lema da Alemanha é “vivam em comunidade”.

Estes são apenas alguns exemplos do ser idoso em Portugal e na Europa. Há mais. Muito mais. Os países, ou melhor, o mundo em geral tem de perceber que é necessário adaptar o seu funcionamento ao rápido crescimento da população idosa e ir de encontra às suas necessidades e às suas vontades.