Conversas de Café com… Sofia Nunes

17 de Março, 2021 0 Por Planetadosavos

Quem é do mundo da gerontologia, pelo menos uma vez na vida, já ouviu falar no nome Sofia Nunes. A Sofia ficou conhecida por ser a gerontóloga do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo. Hoje, é na siosLIFE que dedica o seu coração. No mês do Dia do Gerontólogo, o Planeta dos Avós teve uma conversa de café com Sofia Nunes para ficarmos a conhecer um pouco da pessoa extraordinária que ela é. 

Planeta dos Avós: Olá Sofia. Vamos começar pelo início da tua vida para também ficarmos a conhecer-te melhor. Durante a tua infância, quais são as memórias dos teus avós?

Sofia Nunes: Olá. Tive uma infância muito feliz e muita dessa felicidade foi graças à sorte de ter conhecido as minhas duas avós. Infelizmente, a minha avó materna faleceu há quatro anos, mas tenho muito boas recordações. Principalmente ao fim-de-semana, onde a casa dela era o ponto de encontro de todos os primos. Em relação à minha avó paterna tenho uma relação muito próxima, sempre assim foi. Desde que me conheço por gente, que estamos juntas numa base diária e ainda hoje é assim. Só com a pandemia este padrão foi alterado, mas os encontros mantem-se só que da janela. Com tudo isto, memórias não me faltam e guardo com especial carinho as idas à praia, os passeios de bicicleta no meu regresso da escola, às panquecas e todas as minhas comidas preferidos. Guardo acima de tudo o cuidado e espero continuar a fazer muitas mais memórias com a minha avó paterna, a avó Dolores.

P.A.: O que te levou a ser Gerontóloga?

S.N.: Posso dizer que foi o acaso. Na altura de escolher o curso para entrar na universidade não sabia bem o que queria e sei que escolhi gerontologia por ser em Aveiro e ser na área da saúde (a área onde tinha mais interesse). Quando me candidatei e depois entrei, ainda não existiam profissionais de gerontologia, por isso não sabia bem o que esperar. No entanto, muito era dito acerca desta ser a profissão do futuro e isso despertou-me ainda mais o interesse. Ao conhecer o curso, apercebi-me que abrangia várias áreas, onde, perante a minha indecisão, podia dar continuidade a todas as áreas que tinha interesse, ao mesmo tempo que concretizava o sonho de fazer a diferença na vida das pessoas.

P.A.: Foi a trabalhar no Centro da Gafanha do Carmo que te tornaste conhecida, que levaste o nome Gerontóloga mais além, e que também levaste para a ribalta uma instituição de solidariedade social. Podes contar, um pouco, de como foi trabalhar no Centro?

S.N.: Antes de mais obrigada.  Não considero que levei o Centro Comunitário da Gafanha do Carmo à ribalta. Sinto que juntos, como equipa, trabalhámos arduamente para fazer as pessoas, utentes, colaboradores e familiares, mais felizes e com tudo isso tivemos o privilégio de ver esse trabalho reconhecido. Sou extremamente agradecida por ter tido oportunidade de trabalhar nesta casa, com as pessoas com quem trabalhei e de quem sinto saudades. Á exceção dos estágios que fui tendo ao longo do curso, o Centro Comunitário da Gafanha do Carmo foi o meu primeiro trabalho na área e o primeiro contacto com as instituições de solidariedade social. Tive a sorte de me juntar à equipa quando o projeto estava a começar e isto permitiu-nos concretizar muitas das nossas ideias e tudo aquilo que acreditávamos que podia ser uma verdadeira casa para as pessoas do Centro. Com este espírito, os projetos foram surgindo naturalmente e muito antes do Centro comunicar através das redes sociais, responsáveis por muito do reconhecimento, já o Centro era uma casa com pessoas felizes, com o animais de estimação como terapia, alegria nas paredes e um espírito enorme de aceitação. 

P.A.: Como vês a tua parceria com o Ângelo?

S.N.: Costumo dizer: “Quando um diz mata o outro diz esfola”. Eu e o Ângelo já somos equipa há dez anos e para além de colegas de trabalho somos grandes amigos, já somos família. Tivemos a sorte de concretizar em parceria muitas das coisas em que acreditamos e só concretizamos os projetos que hoje temos imenso orgulho graças ao facto de termos formado equipa no Centro Comunitário da Gafanha do Carmo. Aliás, consideramos que o trabalho de equipa é mesmo o segredo e se não houver um bom espírito de equipa, de colaboração e compreensão, é muito difícil a concretização do que quer que seja, muito menos na organização de projetos que têm como objetivo fazer as pessoas de uma instituição mais felizes.

Fonte: Facebook
Fonte: Facebook

P.A.: No Centro da Gafanha do Carmo fizeram muitos vídeos, muitas atividades e receberam muitas pessoas. Qual é o momento ou os momentos que nunca irás esquecer?

S.N.: Tenho imensos momentos que nunca vou esquecer. Não só os projetos fantásticos que realizámos, mas o dia-a-dia, o quanto lá fui feliz. No entanto, acho que posso aqui falar de um projeto que tenho especial carinho que é o Antes de morrer quero… Deste 2015, altura que lançámos o projeto, concretizámos sonhos e esse foi um projeto que realmente fico sempre abismada pelo quanto foi transformador nas pessoas que tiveram oportunidade de concretizar os seus sonhos e até em nós, todas as pessoas que ajudaram a concretizar sonhos. Percebi que fazer esse projeto concretizou, sem saber, um sonho meu.

P.A.: Certamente não sabes, mas eu estava presente no Futuridade, quando tu e o Ângelo anunciaram que iam sair do Centro. Confesso que foi um sentimento agridoce, por um lado fiquei triste pela vossa saída, mas por outro percebi que iriam fazer algo melhor para vocês e pelos idosos. Tomar a decisão de uma saída nem sempre é fácil, principalmente de um lugar do qual gostamos. Como foi esse adeus?

S.N.: Foi bonito porque sentimos o quanto as pessoas nos apoiam e nos querem ver bem, felizes e realizados, ao mesmo que foi muito difícil. O apoio e entusiasmo de abraçarmos um novo projeto nem sempre foram suficientes para calar o difícil que foi deixar de fazer parte do dia-a-dia daquelas pessoas. Ainda falamos do Centro como se fosse nosso e tivemos a sorte de ter todo o apoio da equipa siosLIFE, que nos recebeu de braços abertos, e com uma enorme compreensão de que a separação pela qual passámos custa, mas que juntos podemos construir mais e novos projetos com o poder de transformar a vida das pessoas mais velhas.

Fonte: Facebook

P.A.: Agora estás ligada e a trabalhar no interAGE. Em que consiste esse trabalho?

S.N.: A interAGE vem no seguimento de todo o trabalho desenvolvido pela equipa Ângelo e Sofia. A interAGE quer que todos sejam verdadeiros agentes de mudança nisto de tornar o envelhecimento numa fantástica oportunidade de sermos e tornarmos os outros mais felizes. Através de formação certificada e concretização de projetos como os Abraços com História, Antes de morrer quero…, Como é que é, e outros, queremos valorizar as profissionais do setor social e mostrar às pessoas o privilégio que é envelhecer. Podem saber mais sobre nós e sobre os nossos projetos através do nosso email: interage@sioslife.com.

P.A.: O que te falta fazer?

S.N.: Acho que muita coisa. Ainda quero fazer muita coisa. Quero acabar o meu doutoramento, continuar a estudar, ler mais livros e mais livros, ter uma família cada vez maior e ser feliz.

P.A.: Antes de morrer quero…

S.N.: Andar de mota de água..

P.A.: Obrigada, Sofia. 

S.N.: Obrigada. 

Fonte: Facebook