P.A.: O que tem de especial as suas fotografias?
M.G.: É uma fotografia antiga, menina. São todas a preto e branco. São diferentes, e por isso as pessoas vão tirando. Vai-se trabalhando.
P.A.: Claro. A sua máquina também é diferente das máquinas de hoje. Que máquina usa?
M.G.: É uma máquina muito antiga, uma Carl Zeiss. Veja lá que tem mais anos do que eu. Tem 110 anos.
P.A.: E ainda trabalha bem, sem garantias, sem nada.
M.G.: Trabalha muito bem.
P.A.: Já tirou fotografias a muitas pessoas famosas?
M.G.: Já tirei a várias.
P.A.: Dê lá um exemplo…
M.G.: Olhe menina, como pode ver ali na máquina [aponta para a máquina] tenho fotografias que tirei ao Manuel Luís Goucha e ao Malato. Depois também tirei ao Rui Veloso, mas esse ainda estava no seu início de carreira. Mas o mais importante de todos foi na altura, no tempo de Salazar, estava o Rei de Espanha, conde de Barcelona, estava de passagem por Portugal e acabei por lhe tirar uma fotografia. Era o avô deste rei que está agora.
P.A.: Então era o pai do Rei Juan Carlos de Espanha?
M.G.: Sim. Mas eu não fazia ideia quem ele era. Tirei a fotografia e depois uma senhora chegou-se à minha beira e perguntou-me: “Sabe quem é?” e eu disse-lhe que não sabia e ela disse-me assim: “Se houvesse reis em Espanha, era este o rei.” Na altura soube que ele não chegou a ser rei por questões políticas, já não sei muito bem.
P.A.: Mas mesmo assim já é uma figura muito importante para a sua história.
M.G.: Senão fosse a senhora, que estava com ele, devia ser uma assessora, eu não sabia quem era. Passava despercebido.