Conversas de Café com… Cristiana Brandão

Planeta dos Avós: Bom dia Cristiana. Quando é que o mundo da Gerontologia entrou na tua vida?

Cristiana Brandão: Bom dia Catarina. Antes de mais, agradeço a oportunidade de puder fazer chegar o meu projeto a outras pessoas através de ti e de o puder dar a conhecer um pouco mais. Bom, a gerontologia entrou na minha vida quando pensei em seguir o ensino superior, portanto há 3 anos.

Eu sou uma pessoa que se move conforme a intuição, conforme o que o mundo está a pedir, preciso de me sentir útil e percebi que a Terceira Idade é a geração que mais necessita da nossa atenção. Olhando para os meus avós que são o exemplo que tenho mais perto, percebo que eles são pessoas frágeis e que vão ficando um bocado para trás se não acompanharem as novidades e as evoluções que têm acontecido.

P.A.: O que achas que podes fazer, enquanto Gerontóloga, para melhorar e/ou ajudar a vida dos nossos idosos?

C. B.: Tenho noção que é necessário repensar em tudo o que envolve a Terceira Idade, Idosos, Maiores, o que lhe queiram chamar. Precisamos mesmo de incluir os nossos mais velhos na comunidade para que eles se sintam também protegidos e atualizados com o que se passa atualmente. No meu caso, enquanto Gerontóloga e por ter estudado bem este assunto durante os 3 anos da Licenciatura, percebi que o que mais funciona são as relações intergeracionais, ou seja, relações entre crianças/jovens e idosos. Entendi que assim fosse pelo facto de na maior parte das famílias, os mais velhos terem uma relação de maior proximidade com os seus netos do que com os seus filhos, ou então no caso das IPSS, que realizam diversos encontros entre idosos e crianças para conviverem através de jogos ou partilhas de experiências.

P.A.: De onde surgiu a ideia do Projeto “Conviver 65 +”?

C.B.: Estava no último ano da Licenciatura e já só pensava numa forma de puder começar o meu percurso profissional na área da Gerontologia, com algo que fosse meu. Foi então na unidade curricular de Políticas Sociais e Empreendedorismo Social que surgiu esta ideia. Fiz várias pesquisas no âmbito do envelhecimento, de projetos existentes nos Estados Unidos da América, por estes terem sempre ideias inovadoras e muito atuais. Inspirei-me no Projeto “PAPA” que foi criado por Andrew Parker. Este não conseguia conciliar a sua vida diária com as necessidades do seu avô e então criou um projeto com diversos serviços que vão desde o transporte a consultas médicas, a serviços de apoio ao domicílio, companhia pessoal ou virtual, entre outras, cujos cuidadores são essencialmente os jovens e o meu projeto vai muito por aí, oferecer aos mais velhos, serviços essenciais que lhes possam garantir um envelhecimento bem-sucedido, olhando claro à realidade no distrito de Viana do Castelo.

P.A.: Em que consiste precisamente o Projeto?

C.B.: Este projeto consiste em atribuir afilhados, que serão jovens voluntários alunos do IPVC, a idosos que tenham mostrado interesse em participar ou que tenham sido referenciados, tendo idade igual ou superior a 65 anos que vivam sozinhos ou com o seu cônjuge. Estes, encontrar-se-ão durante a semana para proporcionar um momento de convívio, mantendo os jovens a par das rotinas dos idosos, verificando se estes se encontram bem, se necessitam de algum tipo de apoio, se precisam de ajuda nas compras ou na medicação.

P.A.: O que sentiste quando soubeste que o teu projeto, dedicado aos idosos, ganhou o Concurso Jovens Com Talento, da Câmara Municipal?

C.B.: Assim que li o email, não queria acreditar. Tive de o ler novamente e assim que me apercebi que era realmente verdade, fiquei muito feliz e com ainda mais vontade de dar o melhor de mim por este Projeto. Senti mesmo que afinal tudo era possível e que quando fazemos algo com amor e dedicação isso é meio caminho andado para tudo correr bem.

P.A.: Como é que o “Conviver 65 +” irá ajudar os idosos?

C.B.: Este Projeto tem mesmo como principal objetivo o combate ao isolamento e a integração dos mais velhos na nossa comunidade. Quero sentir que estou a contribuir para o bem-estar de alguém e que a equipa de voluntários também está a fazer por isso. Quero que o projeto, para além dos serviços que oferece aos mais velhos, seja uma mais valia para a cidade, que possa unir os maiores e os jovens e que seja uma experiência rica em aprendizagens que possam levar para a vida.

P.A.: Quando poderemos ver o Projeto em ação?

C.B.: Este projeto é muito complexo, exige que o faça por partes e que vá melhorando ou eliminando elementos que possam vir a ser importantes ou não. É um projeto que vai precisar de muito tempo investido para que possa chegar onde quero e isso poderá demorar alguns meses ou até anos. Não será do dia para a noite que o poderão ver em ação, mas sim vendo-o evoluir, espero eu.

P.A.: Consegues definir o Projeto em 5 palavras?

C.B: Desafiador, Próspero, Perseverante, Inovador. Acho que para já só consigo pensar nestas 4 palavras.